quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Capítulo 16 – Rumo à 1978 by Juju

Os anos que se seguiram foram terriveis para mamãe. Ela terminou por dormir um bom tempo no sofá apertado da sala. Já que o Marcelo chorava de madrugada e era ela quem tinha que cuidar dele. Enquanto papai dormia confortavelmente na cama, alegando que seu trabalho era muito duro e ele tinha que descansar bem. Como se o trabalho de mamãe não fosse duro. Mas, vocês sabem o trabalho de casa nunca foi valorizado e sempre foi visto como uma coisa banal que cabia as mulheres; mesmo que muitas nesta época lutaram para quebrar este tabú.

Se não bastasse a casa, a horta e a comida do papai sempre quentinha... Mamãe ainda tinha nós três pequenos para cuidar. Não demorou muito para chegar a fase onde mamãe teve que ensinar Marcelo a andar, falar, etc. E se não bastasse nós três pequenos, muitas vezes tia Ana ainda deixava Leninha com mamãe. Mas, para mim foram bons anos. A gente brincava sem parar. Nós quatro éramos inseparáveis. Mas, o que eu mais adorava era ir brincar de boneca na casa da Leninha. Já naquela época eu torcia para que mamãe tivesse que sair para eu ficar na casa da tia Ana brincando com a Leninha. E claro, não podemos esquecer as festas de anversário no parque que se tornaram uma tradição em nossa familia. Com o passar dos anos, aos poucos mamãe foi deixando a casa a seu gosto.
Meus pais tiveram que diminuir a sala para Marcelo poder ter seu próprio quarto. E Alisa e eu tinhamos os nossos que deixaram de ter coisas de bebê. Mas, tudo isto foi conseguido com muito sacrificio. Mamãe não era nem de longe a mesma Ciça. Ela mal tinha tempo de se cuidar, ela priorizava tanto outras coisas, que seu bem estar sempre ficava por último. Já papai não. Estava cada dia mais em forma. Principalmente depois da sua promoção, agora ele era oficial do exército. Ele tinha até comprado um carro, que a principio era para ser da familia; mas no final só ele usava. Sei que vocês estão ansiosos para ver as «crianças», mas antes disso vamos ver como foram a passagem dos anos na casa da Helena (Leninha para os íntimos). Próxima atualização 08/10.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Capítulo 15 – O testamento - continuação

«Eu espero sinceramente que você tenha se tornado uma sábia mulher, assim como eu fui um dia. E espero que de forma alguma você se sinta lesada pelo que eu vou falar a seguir...»
«Espero que você seja madura o suficiente para aceitar minha vontade. Eu pensei durante um bom tempo como eu te legaria minha herança de forma sábia. E achei que o melhor a fazer é...»
«Todos os bens que me pertencem que que fazem parte da sua herança, que são: 49% da casa situada 365, Riverblossom Hills drive; onde seu pai e eu vivemos toda nossa vida. Assim, como 49% de todos os móveis e obras de arte. Seu pai tem direito a morar na casa até que ele decida vender ou morra. Portanto, você não poderá vender ou morar na casa sem o consentimento de seu pai ou antes da sua morte. Após a sua morte se você não for a unica herdeira do imóvel você tem direito a vender a sua parte a quem lhe aprover.»
«O imóvel a 70 Long Island Drive; onde está situado da Imprensa de Paraíso Perdido te pertence em 49% e assim como a casa não poderá ser vendido antes da morte do seu pai ou de pleno acordo com ele. Além disse, eu te deixo 40% das minhas ações da Empresa Imprensa de Paraíso Perdido, você poderá dispor das ações como você quiser e você terá direito a votar em reuniões de conselho na mesma porcentagem do volume de ações que eu te deixo».
«E por último todas as minhas jóias serão herdadas unicamente por você. E você poderá dispor delas a partir de hoje».
«Porém, os outros bens sitados acima: os imóveis, móveis, obras de arte e as ações; tem uma cláusula; que foi meu ponto de reflexão por um longo tempo. Apesar de desejar que você se torne uma mulher sábia; eu sei que aos 21 anos a gente pode se deixar levar muito pelas ilusões, por isso eu conto com a julgamento do seu pai. Para saber se você está apta a herdar toda a sua herença a esta idade.»
«Se na data de hoje seu pai estiver falecido, você herda todos os bens sem restrições. Porém, se ele estiver vivo e que você tenha tomado um caminho de vida que seu pai desaprove e que vocês não se entendam. Para proteger sua herança, você não poderá fazer uso dela até os 40 anos de idade e neste tempo seu pai continuará como tutor de sua parte como ele vem feito nos últimos anos.»
«E quando você completar 40 anos tudo será seu sem restrições. No caso de você falecer antes de completar 40 anos e tomar posse de sua herença, seu pai herda tudo automaticamente. No caso de seu pai falecer antes de você completar 40 anos a herença que eu te lego aqui será herdada por você também sem restrição de data.»
«Eu espero sinceramente de coração minha filha, que todas estas precauções que eu estou tomando hoje sejam desnecessárias, mas se de alguma forma elas forem postas em práticas; peço que você não me odeie, pois eu só desejo o melhor para você, minha amada filha. E acima de tudo eu desjo que você seja feliz.» Leonardo terminou a leitura do testamento.
_ Então é isto. Cecilia, você herda todas as jóias da sua mãe hoje e o restante da herança quando você completar 40 anos ou no caso de seu pai morrer até lá, após sua morte. Mamãe senti saiu do topor que havia abatido sobre ela desde o começo da leitura do testamento. Onde a emoção foi substituida por revolta.
_ Que armação é esta?!?! Vocês acham que eu sou boba, que eu não tenho direito a nada do que minha mãe deixou. Vocês estam me roubando. Vovô interferiu.
_ Comportes-se Cecilia!!! Respeite a vontade de sua mãe! O Leonardo é somente a testemunha da vontade dela, nem eu imaginava que ela tinha deixado esta cláusula. Mas, a revolta da mamãe era enorme.
_ Sem essa papai! Quer dizer que você não tem nada haver com isso. Duvido muito que essa tenha sido a vontade de minha mãe. Esta deve ter sido sua vontade, mesmo que ela tenha deixado este testamento, com certeza esta idéia partiu de você. Leonardo interferiu.
_ Cecilia, suas acusações são muito sérias. Este testamento foi registrado e tem uma outra cópia no cartório de registro identica a esta com a data em que sua mãe registrou o testamento há anos atrás. Sei que deve ser um grande choque para você, mas ao meu ver sua mãe foi estremamente sábia em colocar esta cláusula. Mamãe sabia que nada poderia ser feito a este respeito, que o dinheiro que ela pensou em herdar. Dinheiro que poderia ajudar e muito, estava perdido...
_ Eu entendi muito bem o que se passou aqui. E como sempre papai a última palavra é sempre a sua. Mamãe se levantou. Pedindo ajuda do meu pai.
_ Me tira deste lugar Dé. O ar daqui está me fazendo mal. Mas, vovô a chamou de volta.
_ Cecilia! Espere! Papai continuou quieto no seu canto achando melhor não interferir. _ Esperar?!?! Esperar para que??? Eu nunca pensei que você me odiasse tanto senhor Cavalcanti.

Falou mamãe revoltada. _ Eu não te odeio Cecilia, pelo contrário. Eu tento zelar pelo seu bem. Um dia você ainda vai me agradecer por tudo isso. _ Agradecer?!?! Agradecer, por meus filhos não terem dinheiro para estudar, para ter conforto, roupas, brinquedos. Você acha mesmo que eu vou te agradecer.
_ Nada precisa ter sido assim, Cecilia. Afinal, você tinha de tudo e foi você que decidiu viver «amor e uma cabana». A escolha foi sua, eu nunca te obriguei a nada disso muito pelo contrário eu sempre fui contra. _ Acho que não há mais nada a ser dito. Já que você sempre se acha com a razão. Dizendo isto, mamãe deu as costas ao vovô e partiu. Ela não aguentava ficar mais um minuto ali. Ela não daria a eles o prazer de chorar, ela já havia sido humilhada suficientemente por um dia.
Meus pais deixaram o escritório sem nada dizer. Uma vez do lado externo papai abraçou mamãe, que estava tremula.
_ Não fique assim querida! Não vale a pena. _ Ah, Dé. Eu nunca podia imagina uma coisa destas. Eu achava realmente que a partir de hoje todos os nosso problemas de dinheiro seriam resolvidos. Que a gente ia poder dar uma vida confortável e uma boa educação as crianças. _ A gente vai dar um jeito Ciça. De qualquer forma você herdou as jóias tenho certeza que devem valher uma nota. A gente pode vendê-las....

Papai parou de falar ao ver a reação desconfortável da mamãe. _ Eu sinto muito Dé; mas eu não posso vender as jóias da mamãe são as unicas lembranças dela que me restam e eu sempre sonhei de um dia passá-las as minhas filhas. Papai não estava totalmente de acordo, mas também não queria começar uma discussão com mamãe, mesmo porque ele estava extremente atrasado para o trabalho.
_Ok, nós discutiremos sobre isto mais tarde. Agora, eu preciso ir Ciça. São duas horas da tarde e eu falei para meu chefe que estaria de volta à uma; pois não pensei que isto fosse de morar tanto. Você vai ficar bem? Acha que pode ir para casa só? _ Claro, Dé. Pode ir, eu vou ficar bem. _ Eu vou chamar um taxi para você e depois tomo o próximo. Você tem certeza que vai ficar bem? _ Sim, Dé tenho. Pode pegar o taxi. Eu vou passar na biblioteca ao lado antes de ir para a casa. Pode pegar este taxi que eu pego outro depois, já que você está muito atrasado. Antes de partir papai beijou mamãe para reconfortá-la. _ Eu te amo! _ Eu também te amo! Papai partiu no taxi, mas um tanto quanto preocupado com mamãe. Mamãe resolveu voltar andando. Ela precisava refletir e andar sempre a ajudara à pensar. Ou neste caso a esquecer a traição que ela havia vivido. Ela andou a esmo por horas. Até que ela se encontrou diante da lápide de vovó. E aos prantos...
_ Por que você fez isto comigo mamãe?!?! Quando mamãe chegou em casa já era quase noite. Seu animo não estava melhor do que da hora que ela havia partido do escritório do vovô. Ela estava totalmente sem fome. Mas, mesmo assim ela foi preparar algo. Pois logo papai chegaria e ele já tinha ficado sem almoço. Ele merecia ao menos um jantar feito na hora. Ela picava os ingredientes com revolta. Revolta de tudo, revolta da vida... O clima era de luto em casa. Meus pais comeram em silêncio cada um do seu lado, pensando no que seria da vida deles de hoje em diante. Já que eles haviam perdido a esperança de um futuro mais confortável. Oi, gente! Desculpe-me de não ter postado ontem, mas estava sem interent de novo e chovendo muito não tive animo de sair para ir usar o PC da faculdade...
Ciça levou um duro golpe hoje. Ela contava com a sua herença para poder dar o melhor a seus filhos, mas a traição da sua familia acabou com suas esperanças.
De que forma este fato vai ser importante no futuro dos Nunes? Não percam no próximo episódio dia 30/9 rumo à 1978.